Saturday, June 16, 2007

Estátua humana

Situações. Em vários textos têm-se lido essa palavra. Mas, porque não citá-la, se é exatamente nela que a humanidade encontra-se constantemente?
Carmina deparou-se em uma situção na qual se sentiu como uma estátua, totalmente imobilizada e sem poder. Sua mãe vinha sentindo dores constantes nas costas, então prontificou-se a levá-la em vários hospitais e clínicas. Em uma dessas clínicas Carmina encontrava-se em uma das cadeiras da sala de espera, aguardando dona Anfilófia, sua mãe, retornar da consulta de urgência.
Despercebida – porque estava entretida em seus escritos diários – sentou-se ao seu lado uma senhora, sempre cabisbaixa. Ao desprender-se dos escritos, notou que a senhora chorava e murmurava algo incompreensível. Chamemo-na de Madalena, a qual estava realmente desolada.
Carmina comoveu-se, sentiu compaixão, e meio sem jeito tocou-a no ombro e perguntou-lhe:
_ Estás sentindo-se bem? Posso ajudá-la em algo?
E lágrimas corriam dos olhos de Madalena em abundância. Mesmo assim conseguira compartilhar que naquele momento estava sem chão. Acabara de receber um laudo médico, o qual atestava a existência de anemia profunda na mesma, com prescrição de internação imediata. Seu desespero era tamanho porque assumira praticamente o papel de homem e mulher da casa, pois seu marido sofrera derrame há pouco tempo - não trabalhava; sua mãe, bem idosa, morava com a mesma e seu filho de sete anos a aguardava para comprar materiais escolares – suas aulas iniciariam no dia seguinte. O desespero tomou-a porque estava sem dinheiro, em uma situação caótica e só... Ninguém poderia ajudá-la naquele momento, precisava ir a casa, retornar para ficar - sabe-se Deus - quantos dias internada.
Carmina, moveu-se de compaixão, ofereceu-se para acompanhá-la até a casa dela e retornar para deixa-la na clínica internada...Enquanto Madalena dirigia-se para Doutora Jorgina, no intuito de informar-lhe a decisão de não internar-se imediatamente, pela necessidade de ir em casa. Carmina abriu a bolsa e contou quanto possuía para passagem das duas. Para sua decepção, nada encontrara, melhor, não tinha a quantia suficiente para cumprir o que prometera.
Quando Madalena retornou ao seu lado, anotou o nome completo e o telefone dela, entregando o caso na mão do médico dos médicos...Era o que poderia fazer naquela situação, estava em poder de mudança, nao podia fazer magia para que o dinheiro aparecesse, nem pegar um táxi ou telefonar para um amigo...Afinal, era apenas uma estátua que teve a sorte de falar e chorar por um momento e nada mais.

No comments: